A IMPORTÂNCIA DOS AVÓS NA FAMÍLIA
Em pleno século XXI, as estatísticas apontam um aumento da longevidade. Segundo Mark Victor Hansen e Art Linkletter, em seu livro “Como envelhecer sem ficar velho” (2007), isso se deve aos progressos da Medicina, através de medicação e exames supermodernos, ao saneamento público e à alimentação mais adequada.
Hoje, já não existe a ideia de que a velhice é um período de doenças, de perdas e de solidão. Muitos já conseguem aceitar bem a velhice e conhecem os benefícios de que podem desfrutar com as Leis estabelecidas no Estatuto do Idoso. Porém, sabemos que há, ainda, muita discriminação para com os idosos, quando considerados ultrapassados, rejeitados no sistema familiar e ao viverem momentos estressantes na sociedade. Infelizmente, sob essa ótica, o idoso pode ser percebido como um peso/fardo e, por isso, sofre com baixa qualidade de vida emocional.
Entretanto, o idoso deve viver essa etapa de vida combatendo o negativismo, evitando a murmuração e os pensamentos que destroem a esperança. A velhice é um privilégio e os idosos devem procurar contribuir positivamente com sua experiência no meio em que vivem.
O casal de idosos passa por mudanças no ciclo vital, pois deixa a posição de cuidador para, agora, serem cuidados. Vivenciam o “ninho vazio”, período que podem transformar, buscando a companhia um do outro e a alegria de serem avós.
A maneira como a família e seus membros lidam com o idoso é muito importante, uma vez que as experiências do idoso podem contribuir para a educação dos mais novos. Observa-se, assim, uma salutar convivência de multigerações. Quando existe flexibilidade e respeito pelo idoso, há maiores chances de se conviver com harmonia e de forma afetuosa. A velhice vem sendo considerada como “feminina” pois, a mulher, na média geral, vive mais do que o homem, tem uma atitude proativa e desempenha, muitas vezes, o papel de protetora e cuidadora do lar, inclusive cuidando dos netos.
No dia 26 de Julho, comemora-se o Dia dos Avós.
Esta data é muito significativa, principalmente, para os idosos que se tornaram avós. Alda Britto da Motta (2001), em seu texto “Envelhecimento e relações entre gerações”, destaca no livro “Etapas da Vida”, que, além da relação afetiva e da relação de cumplicidade com os netos, é bastante importante o apoio dado à família inteira.
Em muitas situações, os avós dedicam seu tempo à família e substituem os pais na tarefa de educar as crianças, enquanto seus filhos estão na luta do mercado de trabalho. Britto da Mota (2001) enfatiza, no livro acima citado, o apoio dos pais no “orçamento doméstico dos filhos desempregados ou precariamente empregados”, contribuindo também financeiramente neste apoio familiar. A relação afetiva e de cumplicidade com os netos requer tempo, disponibilidade e doação de sentimentos, criando vínculos eternos entre gerações.
Estudos atestam o grande benefício que a convivência com os netos pode proporcionar aos idosos. Segundo pesquisas divulgadas na internet, o envolvimento dos netos com os avós aumenta o desempenho escolar, a autoestima, a inteligência emocional e o fazer ou manter amigos. Por outro lado, existem também diversos benefícios dos netos para os avós: sentindo-se úteis, possuindo uma identidade e uma finalidade de vida.
Em seu livro “O legado dos avós: inspiração e ideias para um investimento eterno”, David J. Merkh (2011) apresenta os seguintes benefícios para os avós: 1. Recebem os privilégios e as alegrias de ter “filhos” sem a responsabilidade de ser pai; 2. Têm uma “segunda chance” para acertarem em áreas onde erraram com os próprios filhos; 3. Segundo algumas pesquisas, avós ativos vivem mais e de forma mais saudável, com menos perda de memória e doenças; também experimentam menos depressão e maiores índices de satisfação e alegria; 4. São valorizados pela sua idade e experiência de vida; 5. Continuam crescendo e aprendendo com os próprios netos (como usar a internet, por exemplo!); 6. Deixam um legado vivo, um recado enviado para o futuro nas mãos dos netos.
A Terapia Familiar tem contribuído para que os relacionamentos sejam cada vez mais saudáveis e possibilitem uma família estruturada e funcional; isso tem permitido a inclusão dos idosos no dia-a-dia da família. Este apoio dos avós favorecem o surgimento de uma rede de apoio e proteção. A participação dos avós na vida da família deve acontecer de modo equilibrado, de forma cuidadosa e com bastante respeito. Para isso, nós, terapeutas, necessitamos ajudar na redefinição dos papéis na família, na mediação de conflitos e na manutenção de relacionamentos saudáveis e equilibrados.
Vamos aproveitar o Dia do Vovô e da Vovó, “curtindo com nossos netos” esse período de vida. Que possamos deixar um legado digno de ser lembrado: com memórias afetivas significativas, com princípios e valores ensinados à nova geração. Certamente, deixaremos marcas positivas e abençoadoras para nossos descendentes. Vivamos este ciclo de vida sem foco nas perdas e sim, com foco em novas realizações.
Autora: Cássia Virginia Guimarães Cavalcanti. Terapeuta Sistêmica Especialista em Família e Casal. Psicopedagoga, palestrante e escritora. Professora aposentada. Juntamente com seu esposo, também terapeuta de família e casal, têm atuação clínica. Avó de Isabela, Arthur, Melinda, Nicole e Mateus. @cassiaguimas
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